Tuesday 22 December 2009

Packing...

Já comecei a fazer a mala e a empacotar tudo. Por enquanto, não tenho excesso de peso com que já tenho guardado. São, memórias, cheiros, imagens. Tudo o que preencheu os dois meses de vida em Bona:

- As paisagens, o cuidado com os jardins, a prontidão, a pontualidade, a polaca, o grego, o outro polaco, a egípcia, a mistura de sotaques na redacção portuguesa e de línguas na DW, a confusão de gente à hora de almoço, os molhos, as salsichas, os nervos, as diligências diplomáticas do pai, os Paus, os pequenos-almoços ao som de Tristão e Isolda de Wagner, o Quentin, as saudades, os cheiros do mercadinho de Natal, o vinho quente, as castanhas, as reuniões, as gravações, as conversas na Casa Antónia, a neve, o frio lá fora, o quente cá dentro, a catedral, as multidões, os museus, a noite, as homenagens, as flores para o Tio, a família de cá, a conferência em frente à Merkel, Rompoy e Durão Barros, os jogos de paciência ao serão, o Dexter, os filmes piratas, as amigas que cá vieram, as visitas, o verde, as bicicletas, o silêncio...

Saturday 19 December 2009

Aachen, Aachen, Aachen!!!




O Peter embirrou que tinha de me levar a Aachen. Porque foi onde nasceu, porque é uma cidade bonita, porque o mercado de Natal é dos mais bonitos, e depois a câmara e depois a igreja e depois tantas outras coisas que não percebi bem (ou não me interessou).
Ok! Então vamos lá a Aachen. Há duas semanas adoeceu, na semana passada insistiu que fossemos sábado. "Mas sábado tenho as minhas amigas aqui que têm cá estado a semana toda! É o único dia que vou ter para estar com elas... já combinámos ir a Colónia!"
Amarrou o burro, mas voltou à carga: "Então para a semana!! Sábado!" E não tive como dizer não. Nem eu nem ninguém. E lá fomos. Pequeno-almoço às 8h, saída às 8h30. Aachen fica a 90 kms de Bonn. Até aqui tudo bem: auto-estrada - sempre em frente e chega-se lá bem.

Mas o problema não foi Aachen nem a teimosia do Peter. O problema foi o tempo. Não choveu, não estava vento, nada de nevoeiro. Até estava céu azul. O problema foi a temperatura: -12ºC.
E depois lembrei-me do Quentin, o pequenito de dois anos que diz 30 vezes por hora "Auto", "Auto", "Auto"..



Aachen é bonito sim. É engraçadinho, vá.
Com 12 graus negativos, nada é bonito.
Nada!

Tuesday 15 December 2009

Línguas

No autocarro, uma espanhola a ensinar espanhol a uma alemã em inglês:

- "... nosotros in spanish means that it is you and the others..."

Vai correr bem, vai.

Monday 14 December 2009

Computadores

Existe um número de telefone interno para quando há algum problema com os computadores.
O ecrã do computador onde estava tinha pifado e lá liguei para o 1111. Expliquei que fiquei sem ecrã e que tinha os cabos todos ligados.
Passado 3 minutos chegou aqui um técnico: "zory... you called about a computerr prroblem?". Qualquer semelhança com o técnico tuga do ofício, é oposição pura.

Natal

E nevou a poucos quilómetros de Bona. Parece que o Natal vai ser branquinho por estes lados. Espero que não seja demasiado branco senão o avião não levanta voo. E por muito que goste de estar com os Paus, não ía gostar nada de passar aqui a consoada!

As miúdas regressaram ontem a Portugal numa semana que ficou marcada por jantares de Curry Wurst, Bratwurst e vinho quente.

Ainda passeámos por Colónia, uma das cidades mais destruídas pela guerra. Cerca de 90 por cento da cidade ficou arrasada. Colónia tem uma panóplia enorme de igrejas católicas lindas. Grande parte delas tem à entrada a foto de como ficaram destruídas com os bombardeamentos dos aliados. A reconstrução salta à vista. O Peter num dos últimos pequenos-almoços esteve a contar-me que tinha 4 anos quando acabou a guerra. Que na noite de Natal de 44, Bonn foi bombardeada. Ele safou-se porque tinha ido passar a consoada para o interior com a família. A Hilla acrescentou: "Eu estava na cave com os meus pais".

É estranho falar de uma guerra que começou e acabou num país que arrasou e foi arrasado e que se contruiu num ápice. Por um lado, olhamos à volta e tudo está mais do que erguido e perfeito e simétrico. Parece que nunca passou uma tempestade aqui, quanto mais uma guerra. Por outro lado, convivo com pessoas que tinham 4, 6 ou 9 anos quando a guerra acabou. Ainda é tudo tão recente...

Friday 11 December 2009

Breves

Ora bem, a ausência prende-se pelo facto de, esta semana, ter distracção pós laboral. Tenho cá a R e a C que têm enchido de cor e alegria estes dias cinzentões. Quando se está sozinha, habitua-se a observar as coisas mais parvas. Exemplos:

- Os gatos (aqueles bichinhos individualistas, que só fazem o que querem) passam nas passadeiras.

- Os cães têm um ar miserável e infeliz sempre que estão ao pé dos donos.

- Há mais corvos do que pombos.

- O autocarro assim que pára, inclina-se para a direita. Cerca de dez graus - ou talvez mais - para ajudar e facilitar a entrada/saída dos passageiros.

- Quando há crianças por perto, ninguém passa a estrada se não estiver verde para os peões. Mesmo que a rua esteja deserta. Para não dar maus exemplos. Quem o faz, no mínimo, sujeita-se a levar com um chapéu de chuva em cima e é insultado.

- A feirinha de Natal tem imensas coisas escondidas que à primeira vista não nos apercebemos.

- Para a semana dão graus negativos... A ver se me aguento...

Wednesday 2 December 2009

Gastronomia III

No outro dia os Paus fizeram um jantar lá em casa. Quer dizer, eles jantam todos os dias, mas este foi especial, requintado, com uma toalha de mesa especial, louça quase tão boa quanto a nossa Vista Alegre, talheres de prata e copos de cristal. Os convidados, apesar de amigos de longa data também exigiam alguma formalidade. E eu adoro formalidades à mesa porque são em pequenos pormenores que vemos a educação das pessoas.
Nunca janto em casa, e daquela vez cheguei na altura em que ía ser servido o prato principal. Cumprimentei toda a gente e, porque já tinha jantado, recusei amavelmente o convite de me juntar à mesa e desejei um guten Appetit a todos. Depois dos sorrisos de simpatia e delicadeza, fui convidada para, ao menos, comer a sobremesa. Óptimo, pensei! Há sempre espaço para sobremesa. Aceitei. A Hilla disse-me que aquela sobremesa em particular era a preferida do Peter. Só podia ser boa, porque o Peter é um tipo com bom gosto, que adora o vinho português, o bacalhau português, os queijos e sabe-se lá mais o quê que tenha o carimbo tuga. Portanto a sobremesa, mesmo não sendo da minha aldeia, devia de ser, no mínimo, maravilhosa!
E a sobremesa era uma taça funda com uma bola de gelado com figos maduros e com o que me pareceu ser à média luz, pepitas de chocolate. Lambona, claro, dei logo uma colherada que apanhasse o maior número de bocadinhos de chocolate e gelado. A coisa correu bem até à primeira dentada: o chocolate sabia a tudo menos a chocolate e quanto mais mastigava mais me custava manter tudo na boca. A Hilla devia ter olhado para o meu ar desesperado e vermelhão e disse com a maior das calmas: "Esses bocadinhos são grãos de pimenta preta.... se quiseres podes deitar fora..." E antes de ter acabado a frase e sorrir, já eu estava a correr para a cozinha para me ver livre da pimenta. Mas quem é que põem pimenta na sobremesa???
Quando regressei à sala recomposta do picante (e da voz) disse que pensei que os grãos de pimentem fossem chocolate.
"Pensavas que era chocolate? ahahaha". Foi a risada total.
Como se alguma sobremesa na vida levasse chocolate! Realmente há gente mesmo parvinha! Chocolate! Ahaha